terça-feira, 7 de agosto de 2012

Polícia apura conexão entre ataques a cofres eletrônicos



A prisão em flagrante de um ladrão por volta das 23h30min de sábado, enquanto arrombava um caixa eletrônico em uma agência do Santander, na Avenida Assis Brasil, na Capital, reforçou ainda mais a
certeza, entre policiais, da existência de uma conexão entre esse tipo de crimes em todo o país.
É que, novamente, o criminoso surpreendido pela Brigada Militar é catarinense — como eram três
dos quatro arrombadores presos em junho em Rio Pardo. E como catarinenses eram, também, os quatro ladrões presos em Vitória (ES), em março, com R$ 500 mil provenientes do arrombamento de uma
agência bancária.
O ladrão azarado da vez é Robson Muller, 28 anos, técnico em manutenção, de Joinville (SC). Pelo menos outro homem, que, segundo a polícia, vigiava a ação do bandido do lado de fora, conseguiu fugir em um automóvel, assim que a viatura da polícia chegou ao local, depois do acionamento do alarme da agência. Muller foi surpreendido enquanto operava uma furadeira. Ele ainda tinha outras ferramentas, como transformadores e alicates. Autuado por furto, o arrombador foi encaminhado ao Presídio Central.
Na semana passada foram registrados outros dois casos relacionados a arrombamento de caixas eletrônicos do Santander no Estado.
Na última quinta-feira, em Torres, Jeferson de Freitas, 29 anos, funcionário de uma fábrica de antenas parabólicas em Jaraguá do Sul (SC), foi encontrado por cinco PMs dentro de um táxi quando fugia pela BR-101, em direção a Santa Catarina.
Ao ser abordado, ele admitiu que veio com outros dois ladrões desde Joinville para furtar uma agência do Santander em território gaúcho.
Teria aceito a oferta por estar com dívidas.
Na agência arrombada, situada na Avenida Benjamin Constant, os PMs encontraram um maçarico, um bujão de gás e um pé-de-cabra usados no furto. Freitas usou um spray de tinta para manchar as lentes do sistema de circuito fechado de TV, mas sua imagem ficou gravada, como prova do crime. Os outros dois ladrões fugiram num Palio. Por se tratar de furto qualificado, Freitas continua preso e pode pegar de
dois a oito anos de prisão.
— Desconfiamos que Freitas e os dois que fugiram são autores do arrombamento de outros dois caixas eletrônicos do Santander em Porto Alegre. Um dos parceiros comentou com ele que já tinha atuado no Rio Grande do Sul. Estamos em contato com policiais catarinenses para trocar informações sobre a quadrilha — informa o delegado Celso Jaeger, titular da Delegacia de Polícia Civil de Torres.
O arrombamento referido pelo policial ocorreu em uma agência do bairro Menino Deus, um dia antes do registrado em Torres. Os ladrões conseguiram levar o dinheiro.
"Caixeiros" teriam trabalhado em fábricas O delegado Juliano Ferreira, da Delegacia de Roubos e Extorsões
da Polícia Civil gaúcha, investiga há anos os chamados "caixeiros" e recebeu a informação de que parte
deles teria trabalhado em quatro fábricas de caixas eletrônicos de Joinville. Com o fechamento dessas
indústrias, alguns desempregados teriam utilizado o know-how sobre a fragilidade dos cofres para cometer crimes. Daí, a grande presença de criminosos oriundos dessa cidade em meio às quadrilhas desarticuladas.
São de Joinville, por exemplo, o trio Cristian Rafael Rosa, 24 anos, Emerson de Andrade, 35 anos, e
Thiago Janing, 19 anos, preso em flagrante no Hotel Recanto do Imperador, em Rio Pardo, em 18 de junho. Os três foram detidos com malas contendo dinheiro proveniente Proteção à vida e mais investimentos em segurança (Três homens armados invadiram o local, renderam o vigia e os funcionários, e fugiram com uma quantia não divulgada / FOTO JONAS LIMA ) do arrombamento de uma agência do Banrisul na vizinha cidade de Pantano Grande. Eles foram presos quando embarcavam num Corsa alugado e conduzido por Júlio Cézar Menezes Borges. Rio-pardense, já tinha sido preso por envolvimento num ataque idêntico ao Banrisul em junho do ano passado. Na época, a Brigada Militar prendeu dois catarinenses dentro do banco, munidos de maçaricos. Os criminosos já haviam retirado cerca de R$ 10 mil de dentro dos caixas quando foram surpreendidos.
SC faz força-tarefa As ações dos chamados "caixeiros" viraram assunto para o Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e de Investigações Criminais (Gaeco), do Ministério Público catarinense, na manhã de quinta-feira. É que Santa Catarina vive um surto desse tipo de delito. Foram 40 arrombamentos no primeiro semestre de 2011 e mais de 90 ataques do gênero no mesmo período de 2012, entre tentativas e furtos consumados.
A cada três dias, em média, ocorre um ataque dos "caixeiros" contra agências catarinenses, o que originou um plano de repressão conjunta por parte do Ministério Público, da Polícia Civil e da PM daquele Estado. A união resultou na prisão de uma quadrilha em Florianópolis em julho. Os bandidos foram surpreendidos ao deixarem uma agência do banco Santander no bairro Coqueiros. Policiais e promotores estavam
vigiando o grupo, após rastreá-lo. Os criminosos já tinham arrombado o caixa quando foram surpreendidos.
Quatro dos cinco últimos presos eram oriundos da Grande Florianópolis, mas o quinto é corretor de
imóveis em Joinville (SC) e teria ajudado com "consultoria" aos arrombadores de cofres. Os ensinamentos incluiriam o lugar exato para fazer o corte do terminal, a gaveta onde ficam as notas. E também como evitar a queima das cédulas por parte do maçarico, apelidado de "dragão" pelos ladrões. Outras técnicas utilizadas em comum por todos os quadrilheiros do gênero são o uso de roupas camufladas e cortinas para simular "obras" dentro da agência, a utilização de tinta para obstruir as lentes das câmeras de vídeo e a presença de um veículo na rua, com vigias para evitar testemunhas.
Fonte: Zero Hora

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